Saturday, 1 April 2017

Poem


 


I let it come
let it approach lightly
foot to toe to my ear

while in its cage my heart
shudders
hurries in its burning blood

first the forest
and now the wood
more mist than snow in the hand

from its beginning paper absorbs
the swelling poem verse by
each unsheltered verse

I touch it fumbling and there crouching
wise
is the hungry shrinking wolf

seeming mild he grows gluttonous  
a tight nut at the core of light
now a flash of noise

and he's fast on the path
hits on the shortcut
bolts with the pack or slopes off alone

at the dead of night he shifts and fetches
I get moonlight
in an ermine dress

I feel when he's here as a shiver
that falls on my skin
a hidden dizziness in my secret pulse

as I write
enclosed in my dream
I unclothe him slowly and slip him down with me. 




The above is a translation from the Portuguese of a poem by Maria Teresa Horta.


Poema  

Deixo que venha
se aproxime ao de leve
pé ante pé até ao meu ouvido

Enquanto no peito o coração
estremece
e se apressa no sangue enfebrecido

Primeiro a floresta e em seguida
o bosque
mais bruma do que neve no tecido

Do poema que cresce e o papel absorve
verso a verso primeiro
em cada desabrigo

Toca então a torpeza e agacha-se
sagaz
um lobo faminto e recolhido

Ele trepa de manso e logo tão voraz
que da luz é a noz
e depois o ruído

Toma ágil o caminho
e em seguida o atalho
corre em alcateia ou fugindo sozinho

Na calada da noite desloca-se e traz
consigo o luar
com vestido de arminho

Sinto-o quando chega no arrepio
da pele, na vertigem seladaigo
do pulso recolhido

À medida que escrevo
e o entorno no sonho
o dispo sem pressa e o deito comigo

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